DESEJO SEXUAL : SIM, HOMENS E MULHERES SÃO DIFERENTES!
Uma das queixas mais frequentes no consultório do terapeuta sexual (e ginecologistas, clínicos, etc.) é a diminuição do desejo sexual. Esse é um problema que causa angústia nos pacientes e também nos profissionais.
Do desejo sexual depende toda a atividade sexual subsequente. Teoricamente, sem desejo não haveria sexo. Digo teoricamente porque sim, é possível para a mulher participar de uma relação sexual sem estar sentindo desejo nem excitação, porém é justamente essa a situação que queremos evitar.
Para o homem é mais difícil: afinal, como ter ereção sem sentir desejo? Mesmo em uso de medicamentos facilitadores de ereção é necessária a fase de desejo inicial.
Quando Masters e Johnson iniciaram suas pesquisas sobre sexualidade não incluíram a fase de desejo no ciclo de resposta sexual humana. Para eles esse ciclo incluiria as fases de: excitação, orgasmo e resolução.
Já a pesquisadora Helen Singer Kaplan incluiu a fase de desejo nesse ciclo, que assim ficou: desejo, excitação e orgasmo.
Porém o assunto é mais complexo, principalmente no que diz respeito às mulheres. Nem sempre uma mulher encontra-se espontaneamente motivada para o intercurso sexual; nem sempre o desejo surge como um impulso próprio, uma necessidade a ser satisfeita.
No modelo de resposta sexual feminina idealizado pela pesquisadora Rosemary Basson, vemos que a mulher pode passar de um estado de neutralidade sexual para a fase de excitação através do que ela denomina incentivo sexual.
Isso mostra de uma forma científica algo que é visto cotidianamente na prática clínica e terapêutica: nem sempre pode-se esperar da mulher o desejo sexual espontâneo, sem incentivo. Quando se fala de incentivo sexual não se trata de jantares, viagens e presentes caros (embora eles possam ser aceitos...). Incentivo sexual nada mais é do que um parceiro que busca por sua mulher com uma abordagem que a possibilite se conectar com seu desejo. Carinhos, toques, ambiente adequado, tudo isso conta. Creio, porém, que o mais importante é que o homem e a mulher tenham consciência de que são diferentes, têm reações e "timings" diferentes.
Num relacionamento de médio e longo prazo, onde os efeitos bombásticos da paixão começam a se esgotar, é muito importante reconhecer essas diferenças.
Não adianta esperar desejo sexual espontâneo, sempre, em uma mulher que trabalhou o dia inteiro em múltiplas atividades: profissão, maternidade, gerenciamento do lar ... e amante.
Ao final do dia, o homem sente-se aliviado e amado ao fazer sexo com sua mulher. Para ela, porém, isso às vezes pode se transformar numa obrigação a mais!
Tendo isso em mente creio que o casal pode melhorar sua comunicação no que diz respeito à abordagem sexual. Ter carinho e respeito ao conversar sobre sexo um com o outro, reconhecendo suas diferenças, pode ter efeitos fantásticos no relacionamento afetivo e sexual.