SEXUALIDADE X MATERNIDADE: eterno conflito
O que fazer quando os filhos nascem? No pós-parto imediato a mulher encontra-se geralmente cansada pelo desgaste físico do parto. Há o desconforto da cicatriz da episiotomia (no parto normal) ou da cesárea, os mamilos estão sensíveis e rachados, o bebê chora no momento em que o sono está mais gostoso, etc...
Realmente é difícil que uma mulher que acabou de dar à luz se preocupe com a sexualidade. Além disso, é prudente evitar relações sexuais enquanto persiste algum sangramento genital, o que pode durar até 30 ou 40 dias.
Mas, e depois? E quando o puerpério (popularmente chamado de dieta ou resguardo) acaba?
É freqüente o relato de diminuição do desejo sexual feminino após o parto, queixa essa que às vezes persiste por muitos anos. Isso leva a pensar que, além das mudanças físicas, talvez haja algo mais perturbando o bom desempenho sexual da mulher e do casal, após o nascimento do primeiro filho.
Não é raro que relacionamentos conjugais se deteriorem e até mesmo findem em decorrência de problemas iniciados nessa fase.
O primeiro ano de vida da criança.
A chegada do recém-nascido é um momento de adaptação, da criança ao mundo e à mãe, da mãe ao filho, do homem à sua nova condição de pai, e da família que se reestrutura.
O aleitamento materno, importantíssimo para transferir à criança a imunidade que ela necessita, pode ser a única fonte de alimento do bebê até o sexto mês de vida. A produção de leite ocorre graças à secreção do hormônio Prolactina, o qual, por sua vez, tem efeito na diminuição do desejo sexual.
É importante que se tenha conhecimento disso, pois a diminuição da libido na mulher que amamenta é freqüente. Essa explicação pode diminuir a angústia de muitos casais, em que a mulher se culpa e o homem se questiona: o que há de errado conosco?
É claro que nem todas as mulheres se comportam da mesma maneira. O cansaço, os cuidados com a criança pequena, as modificações corporais, o retorno ao trabalho fora do lar são outras variáveis que devem ser levadas em conta ao analisar o comportamento sexual feminino.
O papel do homem, nesse momento, é o de tranqüilizar a sua parceira, lembrando que esse é um período passageiro. Gestos carinhosos, apoio emocional, afeto, muita compreensão, são estimulantes poderosos da auto-estima feminina.
Pais sim, porém companheiros sempre.
Com o correr do tempo, e com o crescimento da criança, pequenas atitudes podem ajudar, e muito, a preservar o romantismo do casal. Assistir a um filme juntos, aproveitar para namorar um pouco enquanto o bebê tira uma soneca, deixar a criança com a avó ou uma pessoa de confiança para um rápido passeio a dois – tudo isso preserva a intimidade, o carinho, o desejo entre o casal.
A responsabilidade social da mulher em relação à sobrevivência e educação do filho é, por vezes, tão significativa, que ela não se dá o direito a outras atividades que não as especificamente relacionadas com a criança. Esse fator de inibição do desejo sexual pode se estender ao homem se ele achar que o filho pode ser prejudicado por causa da aproximação sexual.
As mulheres serão melhores mães se amarem a si mesmas e se permitirem ser amadas. Manter viva a chama do amor com o companheiro de vida pode ser um ingrediente precioso para preservar a união familiar.
Sexualidade não é sinônimo de ato sexual. Sexualidade tem a ver com desejo, busca de prazer própria de todo ser humano. É uma forma de comunicação e afeto que se expressa a cada momento, em cada gesto, atitude e comportamento. Sexualidade é algo que nos leva ao encontro com o outro, à intimidade e ao vínculo afetivo.
Um homem e uma mulher que permanecem íntimos, como pais, parceiros e amantes, têm mais chances de continuar juntos e felizes pela vida afora. Provavelmente criarão filhos mais amorosos e felizes também.
Um comentário:
olá Doutora, li sua reportagem na revista Bianchini e confesso que não sabia que se interessava por terapia sexual de casal.Parabéns pela reportagem
Preciso voltar a sua consulta que abandonei em novembro do ano passado, depois da minha cirurgia de endometriose.
meu e-mail é origamicei26@hotmail.com
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